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Tuesday, July 20, 2010

SEMANA DO MOTOCICLISTA- REFLEXÕES

No dia do Motociclista sempre procuro falar sobre alguma coisa a respeito de nós, felizardos que usamos as motinhos para nosso deleite e lazer, ou ainda privilegiando a segurança e o respeito entre todos nós, motociclistas ou não.

Quando li o artigo do Sr. Lucas Pimentel, quis enviar para todos vocês as palavras ditas por ele, Presidente da ABRAM- Associação Brasileira de Motociclistas, pois é muito conveniente e oportuna. Não apenas pelo fato que gerou seu texto, a segregação veicular, mas principalmente pelos aspectos que ele elenca e que nós às vezes nos esquecemos e deixamos de lado o poder e força que teríamos, se quiséssemos reivindicar nossos direitos de contribuintes e trabalhadores:

“... que adquirimos nossas motocicletas de empresas legalmente estabelecidas no país, que fazemos a manutenção desse nosso veículo em empresas abertas ao público de acordo com as leis que regem o setor de comércio, que cumprimos o nosso dever de cidadão pagando ao poder público impostos para adquirir, possuir, abastecer, rodar e até mesmo acidentar-se numa motocicleta,...”

Segue o texto na íntegra. Um super beijo e think about!!! Julie M.


O motociclista e o exemplo de Mandela - Segregação veicular

Quero acreditar que você conhece a incrível história de abnegação e superação de Nelson Rolinhlahla Mandela, grande líder que pagou um enorme preço como um ferrenho opositor, a fim de livrar sua nação, a África do Sul, do Apartheid, regime de segregação racial implantado em 1948, pelo qual cerca de 4 milhões de brancos dominavam, massacravam e martirizavam quase 20 milhões de negros. Mandela ficou 38 anos na prisão por seu ideal de ver uma África livre: "Nosso país pertence a todos os que nele vivem", são as palavras de abertura da Carta da Liberdade, escrita por Mandela em 1950.
Esses e outros fatos que nos servem como lição e exemplo de vida estão ao alcance de todos através da internet, e inúmeros livros e filmes sobre a sua vida. Entretanto, o que quero destacar é que Mandela não buscava o seu próprio interesse e sim o de sua nação. Era advogado, portanto, conhecedor das leis, assim era capaz e preparado para obedecer e se contrapor nos momentos certos. Não obstante, fora da prisão, havia um enorme número de pessoas totalmente comprometidas, informadas e envolvidas com a justa causa que Mandela representava.
Em 11 de fevereiro de 1990, após inúmeras sanções internacionais, ele foi libertado, no ano de 1993 recebeu o Prêmio Nobel da Paz e em abril de 1994, por meio de um processo democrático, foi eleito presidente da república, cargo que exerceu até junho de 1999. Sua história de vida contribuiu para que o mundo olhasse com respeito para a África do Sul, tanto que o país entrou para o seleto time dos países-sede de uma Copa do Mundo de futebol. Hoje, no auge dos seus 92 anos, é o homem público mais respeitado na África, e a população esteve ansiosa por vê-lo dignificando a abertura do mundial em curso.
Digo isso porque, deixando de lado os equívocos e exageros de parte a parte, podemos sem dúvida nos inspirar no belo exemplo de Mandela, para fortalecer a nossa luta. Hoje, nós, motociclistas de bem, que nos habilitamos pelo processo estabelecido pela legislação vigente de trânsito, que adquirimos nossas motocicletas de empresas legalmente estabelecidas no país, que fazemos a manutenção desse nosso veículo em empresas abertas ao público de acordo com as leis que regem o setor de comércio, que cumprimos o nosso dever de cidadão pagando ao poder público impostos para adquirir, possuir, abastecer, rodar e até mesmo acidentar-se numa motocicleta, e que ao pilotar uma moto, usamos os equipamentos de proteção individual estabelecidos pelo órgão máximo executivo de trânsito da União, estamos de um modo geral sendo tratados como vândalos.
Pode parecer um exagero, mas vejo surgir diante dos nossos olhos o que podemos chamar de “segregação veicular”. É isso mesmo, o espaço público das vias, que sempre privilegiou os automóveis, agora, em pleno século 21, ganha força total através de uma nova roupagem: “Proibir a circulação de motocicletas em determinadas vias para diminuir as ocorrências de trânsito”. O que, a meu ver, é inaceitável, como certamente era o Apartheid. Não porque sou contra a segurança, pelo contrário, é justamente porque ao nos amontoarmos em vias já saturadas, aumentará exponencialmente o risco de nos envolver em ocorrências de trânsito. O pior é que pelo que vejo há uma Lei que permite o poder público municipal desrespeitar a Carta Magna do país que é a Constituição Federal, posto que com a municipalização a prefeitura pode ignorar o princípio constitucional que diz: “NINGUÉM SERÁ OBRIGADO A FAZER OU DEIXAR DE FAZER ALGUMA COISA SENÃO EM VIRTUDE DE LEI”.
Então, nessas eleições em que, dentre os cargos eletivos, elegeremos deputados federais, precisamos urgentemente eleger pessoas comprometidas com a causa motociclística. Pois são os deputados federais que legislam sobre trânsito, assim cabe a eles mudar o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Talvez, você pergunte: E, além disso, o que podemos fazer de fato? Precisamos mostrar para a prefeitura a nossa indignação. Então, pensemos numa caminhada, assim ninguém será multado. Você precisa falar com cada familiar seu, cada amigo, mesmo que ele não seja motociclista. Mas fique atento: o grande problema que Nelson Mandela enfrentou é que os brancos diziam para os outros brancos que ele queria uma África só para os negros, com isso, os brancos se uniram contra os negros, daí a razão de tanta hostilidade. No nosso caso, precisamos explicar para as pessoas as consequências e os danos que sofreremos em não poder transitar em determinadas vias, pois que são contra motociclistas, tendo uma pista só para eles, serão ainda mais implacáveis conosco. Outra coisa que poderemos fazer caso a proibição entre em vigor é entrar com ações coletivas na Justiça contra a prefeitura com base no Inciso § 3 do Artigo 1º do CTB: “OS ÓRGÃOS E ENTIDADES COMPONENTES DO SISTEMA NACIONAL DE TRÂNSITO RESPONDEM, NO ÂMBITO DAS RESPECTIVAS COMPETÊNCIAS, OBJETIVAMENTE, POR DANOS CAUSADOS AOS CIDADÃOS EM VIRTUDE DE AÇÃO, OMISSÃO OU ERRO NA EXECUÇÃO E MANUTENÇÃO DE PROGRAMAS, PROJETOS E SERVIÇOS QUE GARANTAM O EXERCÍCIO AO TRÂNSITO SEGURO”.

Pensemos seriamente nisso!

Lucas Pimentel , 41 anos, é presidente da ABRAM - Associação Brasileira de Motociclistas, membro titular da Câmara Temática de Educação para o Trânsito e Cidadania do CONTRAN.


(Texto extraído da página oficial da ABRAM - http://abrambrasil.org.br/presidencia_16.06.2010.html )

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